O trecho a seguir foi retirado do capítulo 12 do livro “PENSE”, de John Piper, que será lançado em breve pela Editora Fiel. Nesta passagem do livro, Piper analisa o texto de 1 Co. 8.1-11, e adverte o leitor sobre o objetivo de todo conhecimento baseado na verdade: o amor a Deus e ao próximo.
Vocês não sabem como convém saber
Como Paulo prosseguiu para abordar o conhecimento que ensoberbecia os corintos? Em 1 Co. 8.2, Paulo disse: “Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber”. Isso não significa que Paulo achava que os cristãos não sabiam as coisas. Dez vezes nesta epístola ele chama a atenção dos coríntios por não saberem coisas cruciais que já deviam saber sobre Deus e a vida (3.16; 5.6; 6.2, 3, 9, 15, 16, 19; 9.13, 24).
Quando Paulo os repreendeu por julgarem “saber alguma coisa”, ele tinha em mente a atitude deles. Em um sentido, eles “sabiam”. Mas não sabiam como lhes convinha saber. Por isso, em um sentido profundo, eles não sabiam de modo algum. Não tinham o único tipo de conhecimento que será levado em conta no final. Eles imaginavam que sabiam.
Isso é profundo. Paulo estava dizendo que o saber (e o pensar que o produz) não é verdadeiro apenas porque contém doutrina correta sobre comida oferecida a ídolos. Aqueles cristãos sabiam alguns fatos verdadeiros sobre Deus e sobre sua liberdade, mas Paulo disse que eles apenas imaginavam que sabiam. Em outras palavras, eles não tinham um verdadeiro conhecimento. Não sabiam como deviam saber e, por isso, não sabiam verdadeiramente. Imaginavam que sabiam.
O verdadeiro saber ama as pessoas
Agora, a pergunta crucial é: o que tornaria esse saber imaginário em saber verdadeiro? Em outras palavras, o que significa saber como devemos saber? Pensar como devemos pensar? A resposta está no texto anterior e no posterior.
No texto anterior, Paulo disse que o amor edifica (v. 1). Isso implica que qualquer conhecimento que não está a serviço do amor não é verdadeiro conhecimento. É conhecimento prostituído. É como se Deus pusesse instrumentos cirúrgicos em nossas mãos e nos ensinasse como salvar os doentes, mas os usamos para realizar um exímio ato de malabarismo enquanto os doentes morrem. Saber e pensar existem por causa do amor – por causa da edificação do povo de Deus na fé. O pensar que produz orgulho, em vez de amor, não é verdadeiro pensar. Apenas imaginamos que estamos pensando. Deus não o vê como pensar. Não é cirurgia, é malabarismo.
O verdadeiro saber ama a Deus
Ao procurar entender o que o versículo 2 significa ao dizer: “Não aprendeu ainda como convém saber”, eu disse que a resposta está no texto anterior e no posterior. Já a vimos no texto anterior: “O amor edifica” (v. 1).
Agora, no posterior: “Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele” (v. 3). Paulo igualou o saber como devemos saber com o amar a Deus. Em conexão com o versículo 1, ele fez do amar as pessoas o critério do verdadeiro saber. E, em conexão com o versículo 3, ele fez do amar a Deus o critério de verdadeiro saber.
Vemos a ligação entre esse texto amor a Deus com todo o nosso entendimento. Essa é a razão de ser de nossa mente. E, nesta passagem, Paulo estava dizendo que amar a Deus é o que fazemos quando sabemos “como [nos] convém saber”. Na opinião de Paulo, pensar e saber nos são dados por Deus visando ao propósito de amar a Deus e amar as pessoas.
Pensar: a tarefa humilde de cortar lenha para o fogo
A lição extraída de 1 Coríntios 8.1-3 é que pensar é perigoso e indispensável. Sem uma profunda obra da graça no coração, o conhecimento – o fruto do pensar – ensoberbece. Mas, com a graça no coração, o pensar abre a porta do conhecimento humilde. E esse conhecimento é o combustível para o fogo do amor a Deus e ao homem. Se abandonarmos o pensar sério em nossa busca de Deus, esse fogo se apagará.Fonte: Blog Fiel
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