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Por Rev. Ronaldo P. Mendes
“Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós outros. Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.”
(I Tessalonicenses 1.1-5)
Ao escrever esta carta o apóstolo Paulo estava em Corinto. Uma cidade que influenciava o mundo por sua libertinagem e cultos a ídolos. Tessalônica (atual Salônica, segunda maior cidade da Grécia) era capital da Macedônia e era uma província do império Romano. Paulo escreveu esta carta com o propósito de orientar estes irmãos sobre a segunda vinda de Cristo. E Paulo elogia aqueles irmãos pelo progresso na fé. Eles eram crentes modelos, mesmo sendo uma igreja nova. Os crentes de Tessalônica tornaram-se um modelo para todos os crentes da região (vs. 7). Eles eram tão bem conceituados que Paulo chega a dizer que não precisavam de coisa alguma a mais (vs. 8). Fruto do trabalho missionário de Paulo (At 17.1-8), esta igreja estava crescendo porque havia alguns “elementos” que faziam a diferença no seu meio.
Muitas linhas de pensamentos prometem crescimento da igreja: Por exemplo o pragmatismo – Os fins justificam os meios. Segundo esse pensamento todo método humano é valido para fazer uma igreja crescer. Mas o que a Bíblia diz?
Para crescermos verdadeiramente, não apenas incharmos, devemos ter alguns elementos genuinamente bíblicos! Paulo, ao escrever esta carta nos deixa isso bem claro. Segundo o texto o primeiro elemento que faz uma igreja crescer é:
O poder de Deus (v.1-5a)
Paulo faz referência a Silvano e Timóteo (v.1) – Eram os cooperadores de Paulo, e oravam juntos com Paulo pela igreja de Tessalônica (v.2). Eles levariam a carta à igreja. Eram homens dedicados, que viviam confiantes no poder de Deus. Silvano é o mesmo Silas, que acompanhou Paulo em sua segunda viagem missionária: “Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamente com Paulo e Barnabé, a Antioquia: foram Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos,” (At 15.22).E Timóteo dispensa apresentações. Era um jovem que era “fiel no Senhor” (cf 1Co 4.17; cf 1 e 2Timóteo).
O poder de Deus é o elemento que gera crescimento para a igreja (v.2-5a) – Paulo diz que sempre dava “graça a Deus” pela vida daquela igreja (v.2) e que, em suas orações, “mencionava (nomeava) a igreja”(v.2b). Estas orações não eram apenas pedidos, mas ações de graça, louvor e momentos de adoração. Eles oravam juntos e individualmente pela igreja. Paulo tinha convicção do chamado daquela igreja: “vossa eleição”(v.4). Porque sabia o que, de fato, o Evangelho de Cristo tinha feito naquela igreja (v.5a) – A igreja estava crescendo porque o Evangelho estava na vida diária daquela igreja (cf v.3). Eles estavam praticando aquilo que o Evangelho ensina!
Não era a persuasão do apóstolo que havia covencido aqueles irmãos, mas o poder de Deus. Paulo diz: “porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra…”(v.5a), e, em Coríntios afirma: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder,” (1Co 2.4). A palavra “poder” (Dunamys), no contexto, se refere ao poder de Deus “milagre”, ação sobrenatural. Aquela igreja, não era apenas convencida dos seus pecados, era convertida. E isso não ocorreu por eloquência, mas por meio da pregação do Evangelho transformador de Cristo.
O crescimento da igreja não depende de nossas forças, mas da Palavra de Deus. Alguns pensam que conseguem convencer pessoas a seguir a Cristo mostrando o que Cristo fez em sua vida. Não quer dizer que isso seja errado, e alias pode até ser um instrumento usado por Deus. Mas o que muda a vida de alguém é o poder de Deus que vem por meio do Evangelho: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação…” (Rm 1.16).
Segundo o texto base outro elemento que faz uma igreja crescer é:
O Espírito Santo (v.5b)
A promessa de Cristo: “… recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (At 1.8). Deus capacitou a igreja com seu Espírito. A igreja primitiva foi testemunha dos milagres que acompanharam a igreja (cf Lc 1.17, 35;4.14; At 10.38).
Embora houvesse grandes milagres, por meio de Jesus e seus discípulos (Pedro At.3.6; Paulo Atos 20.9, e outros), estes não foram dados para convencer o homem de seus pecados. Os milagres tinham seguintes objetivos: A glória de Deus e testificar o profeta como enviado do Senhor. O Espírito Santo habita naquele que é crente, somos o “… santuário do Espírito Santo” (1Co 6.19). Assim podemos entender o motivo de haver poder na mensagem de Paulo e de seus colegas, pois quando ele falava, Deus é que estava falando por intermédio deles.
Qual o papel do Espírito? – Na salvação do homem, Ele é quem regenera (cf Jo 3.5;Tt 3.5). Anthony Hoekema diz que: “O papel do Espírito Santo no processo da Salvação é fazer-nos um em Cristo” (livro Salvos pela Graça). Ele nos convence do erro, Jesus disse aos seus discípulos que: “… Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;” (Jo 16.13). Portanto, o papel do Espírito Santo não é realizar milagres para convencer, mas transformar corações!
Muitos movimentos “evangélicos” buscam dons espirituais. E nessa busca esquecem de que quem muda o coração de alguém, não somos nós, mas o Espírito de Deus operando de forma perfeita. Não são os “milagres” que mudam. Nós devemos pregar o evangelho, e o Espírito de Deus vai convencer os pecadores de seus erros. E para isso é preciso ter comunhão com Espírito; andar com ele (Gl 5.16); encher o coração dEle (Ef 5.18). Assim, nossa mensagem terá efeito!
Segundo o texto, o terceiro e último elemento que faz uma igreja crescer é:
A certeza da ação de Deus (v.5c)
Convicção da verdade anunciada – “Convicção”, ou “plena segurança” (plêrophoria) – Na verdade, era a presença do Espírito Santo que dava esta convicção. Paulo tinha certeza de que Deus estava operando através dele. Ele sabia de que pregava a verdade e não invenção: “… se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.” (Gl 1.9).
Convicção da ação de Deus – Paulo sabia que Deus estava abençoando aquela igreja através de sua vida, do seu ministério. Ele tinha convicção de seu chamado: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rm 1.1). Ele sabia que por intermédio dele e de seus cooperadores (Silas, ou Silvano e Timóteo), Deus estava fazendo aquela igreja se fortalecer e crescer.
Convicção nos resultados - É claro que o crescimento vem de Deus (1Co 3.6). Mas onde há a ação do Senhor, ali haverá resultados. Deus trará o resultado:“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp 1.6)
Se queremos crescer, é preciso termos convicção de que somos instrumentos de Deus. Que ele vai nos usar para levarmos a Palavra de Salvação às pessoas. É preciso ter convicção de que pregamos a verdade, o Evangelho. Para Paulo, o Evangelho não era a igreja, nem movimento religioso ou espiritual, nem movimento apostólico, não são os membros, nem é qualquer movimento que se queira, mas é Jesus. Ele sabia que Deus traria resultados. Precisamos ter convicção plena na ação de Deus e nos resultados que Ele dará.
Elementos essenciais para o verdadeiro crescimento de uma igreja – A igreja cresce através do Poder de Deus (v. 1-5a) – não por nossa força, Deus é quem traz o crescimento. A igreja cresce, por causa do Espírito Santo (v.5b) – “Nós podemos convencer o homem de que ele moralmente é imperfeito, mas não podemos convencê-lo de que está perdido. Isto é tarefa do Espírito Santo, somente o Espírito pode convencer o homem de que ele está perdido e que precisa de um salvador, ou seja, do evangelho, de Jesus Cristo!” (Francis Shaffer). E, por fim, para igreja crescer verdadeiramente é preciso ter: A certeza da ação de Deus (v.5c) – Na verdade anunciamos, na ação de Deus e nos resultados.
Aplicações finais:
1- O poder é de Deus e sua Palavra – Não posso me vangloriar ou chamar a glória pra mim, só porque alguém creu por meu intermédio.
2- Sou instrumento de Deus para o crescimento da igreja – Algumas pessoas pensam que somente o pastor é responsável para fazer a igreja crescer. Mas não é assim na Bíblia (cf At 2). A igreja cresce num corpo, porque somos morada do Espírito Santo.
3- Eu tenho que confiar naquilo que anuncio – Ter convicção de que quando eu pregar, Deus vai agir.
Que ele nos faça instrumentos poderosos em Suas mãos para levar a mensagem de salvação ao mundo. Amém!
Fonte: Solus Christus
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